O Partido dos Trabalhadores quer mudar as diretrizes das Forças Armadas, segundo o ex-deputado federal José Genoino (PT), condenado e preso no escândalo do Mensalão. Em novembro de 2021, durante entrevista ao canal Opera Mundi, o petista admitiu que a proposta sofreria resistência do Exército e do Congresso, mas propôs um “discurso forte” para “impedir reações”.
Entre as medidas sugeridas por Genoino, estão a eliminação do artigo 142 da Constituição, que trata do papel das Forças Armadas na ordem constitucional; a reforma dos currículos militares; a reorganização do Exército, que ficaria sob comando político; uma mudança na promoção dos oficiais; a integração militar dos países latino-americanos, para fazer frente aos Estados Unidos; a quarentena àqueles oficiais que venham a ocupar cargos públicos; e a diminuição de militares em funções políticas.
Indagado se essas propostas não provocariam uma crise militar no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-deputado não titubeou: “O governo tem de quebrar várias tutelas”, afirmou. “Essa é uma delas. A segunda é do Ministério Público Federal, a terceira é da independência do Banco Central e a quarta é do teto de gastos. Há mais questões, mas ficaremos nessas quatro.”
Genoino considera que essas propostas não seriam bem-recebidas pela caserna e pelos parlamentares, mas defendeu a imposição de uma nova política de Defesa. “Queremos defender um novo modelo de profissionalização, valorizar o conhecimento tecnológico-científico”, observou. “O que vocês estão fazendo é mediocridade.” Ele admitiu que haverá reações de deputados, senadores e militares, mas defendeu um “discurso forte” para dissuadi-los. “Dependendo da nossa capacidade de articulação e de mobilização política, podemos neutralizá-los”, ressaltou. “Só vejo esse caminho.”
Segundo o ex-chanceler e ex-ministro da Defesa Celso Amorim, o PT tem o objetivo de criar uma Guarda Nacional e “despolitizar” as Forças Armadas. A iniciativa é similar à adotada pelo ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, que tirou do Exército o dever de atuar em crises relacionadas à segurança pública.
“Não quero general de esquerda, mas legalista e consciente de seu dever”, afirmou Amorim, em setembro, durante entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Na época, o ex-chanceler disse que a Comissão Nacional da Verdade (CNV) está no “passado”. “O momento é de normalização”, observou. “Vivemos o momento da CNV, que foi necessário. Esse momento está superado. Não vamos mexer mais nisso.”
Fonte: Revistaoeste